SUSTENTABILIDADE
EM CANTEIRO DE OBRAS
Uma pesquisa da FATEC-SP - Prof. Me. Isaura Maria Varone de Morais Cardoso
Alternativas e soluções para aproveitamento de resíduos no canteiro
Existem alternativas já consagradas e uma infinidade de outras inteligentemente pensadas para evitar o descarte de resíduos em aterros.
Resíduos Classe “A“
Assim como na demolição, os resíduos “Classe A” podem ser processados dentro do próprio canteiro por meio de um britador para serem posteriormente aproveitados dentro da obra para, por exemplo, cobrir todo o solo das regiões de trânsito que ficam expostas durante a construção. Corpos de prova que já foram rompidos também podem ser processados e utilizados dentro da obra. Restos de concreto, argamassa, alvenaria, cerâmica, entre outros, podem ser triturados em canteiro e transformados em insumos, como pedra e areia, para composição parcial de misturas como argamassa para assentamentos, revestimentos e contra piso.
Insumos reciclados produzidos em canteiro
Fonte: relatório de sustentabilidade Cyrella 2014
Britador de entulho em canteiro de obras
Fonte: Acervo pessoal.
Sobras de concreto e aço
Obras que realizam concretagens diárias, ao final do bombeamento, perdem um volume considerável de concreto ainda útil que sobra dentro das tubulações, que geralmente acabam sendo descartados como resíduos. A utilização desse material pode ser cuidadosamente planejada com a criação de uma central de aproveitamento de sobras de concreto, com funcionários preparados para a aplicação imediata desse material para a confecção de peças pré-moldadas in loco, onde se utiliza inclusive sobras de aço da obra.
Degraus feitos com sobras de concreto
Chapas feitas com sobras de concreto e aço
Paredes diafragma feitas com placas
Agregado da reciclagem realizada em canteiro
Os resíduos de base cimentícia (classe A), provenientes de reciclagem realizada no próprio canteiro, geralmente são aproveitados para compor a argamassa utilizada em contra piso e aplicações similares para nivelamento, como aterros de áreas para estacionamento. Um exemplo de aplicação é a utilização de restos de materiais como argamassa, blocos, cerâmica e unidades de corpos de prova, mecanicamente moídos e misturados no próprio canteiro, como base para a produção de uma estrutura de concreto, cuja resistência é devidamente verificada, utilizada como chapéus de muros de suas obras.
Chapéus de muros de material reciclado
Fonte – Relatório de sustentabilidade Construtora MRV
Produção de blocos de concreto em canteiro pelo uso de resíduo cimentício
Uma pesquisa realizada em um canteiro de obras comprovou a viabilidade de utilização de resíduos cimentícios e agregados reciclados de blocos de concreto para a produção de novos blocos de concreto para compor alvenarias de vedação. Segundo a pesquisa (CELESTINO, 2013), além do aproveitamento dos resíduos, a substituição diminui o uso de rochas naturais britadas, o que representa mais um ganho ambiental.
Testes de cura dos blocos
Fonte: CELESTINO, 2013
Lama de perfuração para fabricação de tijolos
Uma estratégia encontrada na pesquisa, empregada por uma construtora, foi a doação do volume de lama de perfuração para uma olaria, destinada à fabricação de tijolos e cerâmicas, para serem utilizados em outras obras. Desde que o resíduo não esteja contaminado, essa pode ser uma alternativa de desvio do aterro, além de colaborar com comunidades locais.
Reaproveitamento de EPI’s
Como forma de reduzir o descarte de materiais em aterros, pode ser adotado o processo de higienização e limpeza de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) o que também pode proporcionar economia financeira para a construtora.
Emprego de composteira elétrica
Dependendo do porte da obra e da quantidade de funcionários trabalhando, a geração de lixo orgânico é bastante grande. Em termos ambientais, existe uma estratégia implantada para evitar a geração de volumes em aterros sanitários, além de emissões de CO2 no momento do transporte. Trata-se de um meio que permite a diminuição do volume gerado e ainda dá utilidade ao resíduo. Essa estratégia consiste na implantação de composteiras elétricas no canteiro de obras. A compostagem manual comum, que consiste no processo de decomposição do lixo orgânico por meio de ação de microrganismos, é lenta e exige uma área específica. A compostagem realizada pelo processo elétrico leva apenas 24 horas e praticamente todo tipo de resíduo orgânico gerado pode passar pelo processo. O resultado é um volume em pó, que representa um excelente adubo para áreas verdes.
Uso de resíduos da compostagem elétrica na obra
Fonte: Daniel Ohnuma - CTE (2015)